Nos próximos anos, a parceria entre o 5G e o IoT deverá gerar uma explosão de tecnologias inteligentes e abrir caminho para novos investimentos.
Um mundo sem cabos, no qual as Coisas – carros, smartwatches, sensores de todos os tipos, drones, eletrodomésticos, assistentes pessoais digitais, câmeras, campainhas, semáforos, lixeiras, prédios, equipamentos hospitalares, etc. – estarão conectadas entre si por banda larga móvel de altíssima velocidade (5G e 6G), transmitindo e recebendo dados na nuvem e tomando decisões com apoio de aplicações de Machine Learning e Inteligência Artificial.
Esse é o cenário que vai sendo montado aos poucos nesta década, com o casamento da tecnologia 5G e a Internet das Coisas (IoT, da sigla em inglês). O território é favorável. Uma pesquisa da IoT Analytics mostra que os dispositivos IoT terminaram 2020 representando 54% (ou 11,7 bilhões) dos 21,7 bilhões de dispositivos conectados ativos em todo o mundo, ultrapassando pela primeira vez as conexões não IoT (notebooks, smartphones e desktops).
A previsão do estudo é ter 30,9 bilhões de conexões IoT ativas nos três domínios primários da IoT – consumidor, empresa e espaços públicos – em 2025. O crescimento deve-se à aceleração do uso de novos padrões tecnológicos que favorecem as aplicações, como é o caso do 5G. O impacto econômico dessa aceleração e o poder transformador de negócios da IoT é gigantesco.
Um estudo da GSMA estima que a receita gerada pela comercialização de aplicações de IoT em 2025 será de US$ 1,1 trilhão, o equivalente a 1% do PIB global. O impacto potencial da IoT na economia mundial será de 11% em 2025. Segundo o Gartner, 47% das organizações pretendem aumentar os investimentos em IoT, apesar da crise gerada pela pandemia. E segundo o Economist Intelligence, 19% das empresas apontam um aumento acima de 50% nos investimentos.
No Brasil, desde 1º de janeiro de 2021 está ativa a legislação que dá às empresas que investirem em IoT benefícios tributários. A lei zera os impostos que recaem sobre as estações de telecomunicações que integram sistemas de comunicação máquina a máquina até 2025. O texto dispõe sobre regras para licenciamento desses equipamentos junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
A tecnologia 5G tem pelo menos três características que a tornam a infraestrutura perfeita para o futuro da IoT:
- Velocidade acelerada: O download de dados acontece a velocidades 20 vezes mais rápidas que o 4G. Um filme que levaria 6 minutos para ser baixado no 4G leva menos de 20 segundos no 5G, por exemplo.
- Conectividade aumentada: O número máximo de dispositivos que podem funcionar em uma área específica – fator chamado densidade de conexão – aumenta dez vezes com o 5G. É possível ter 1 milhão de dispositivos conectados por quilômetro quadrado. Isso permite implementar a chamada Internet das Coisas Massiva (Massive Internet of Things) que se apoia também no baixo consumo de energia das redes 5G e no grande volume de sensores com tempo de bateria estendido.
- Resposta instantânea. A latência do 5G – menos de 2 milissegundos – é 25 vezes menor que a do 4G. Estamos falando de tempos de resposta quase instantâneos, o que resulta transferência de dados em tempo real praticamente. A confiabilidade dos sinais e dados transmitidos pelo 5G permite chegar ao que chamamos de IoT de missão-crítica (Mission-critical IoT).
Com o 5G, a banda larga móvel vai de fato para além dos dispositivos convencionais e permite criar uma teia de dispositivos inteligentes e sensores nos três domínios primários da IoT:
- Consumidor IoT. Este domínio compreende aplicativos projetados para uso por consumidores, como dispositivos domésticos inteligentes, aparelhos conectados à internet, wearables, dispositivos conectados de monitoramento de saúde conectados etc.
- Enterprise IoT. Os aplicativos neste domínio incluem fábricas inteligentes, cadeias de suprimentos conectadas, maquinário habilitado para internet, sistemas de gestão inteligente de edifícios, agricultura de precisão etc.
- Espaços públicos IoT. Esta categoria inclui todos os aplicativos em espaços públicos, como tecnologias de cidades inteligentes para o trânsito e gestão de iluminação, soluções de segurança pública, notificação de emergência, gestão de resíduos, sistemas de gestão de frotas etc.
O investimento e a adoção de IoT tem crescido em todos os três domínios e em todas as regiões. Antes do surgimento da pandemia de Covid-19, a PwC havia estimado que, em 2020, os investimentos feitos por empresas em IoT atingiriam US$ 832 bilhões, enquanto os gastos de consumidores com soluções de IoT subiriam para US$ 236 bilhões.
Os gastos em iniciativas de cidades inteligentes em todo o mundo em 2019 ultrapassaram US$ 100 bilhões e a expectativa é que cheguem perto de US$ 190 bilhões em 2023. De acordo com a Forrester, 41 milhões de residências norte-americanas tinham alto-falantes inteligentes em 2019, com vendas crescendo em mercados internacionais à medida que os fabricantes ajustam seus produtos para terem maior apelo em culturas e idiomas diferentes. No geral, os gastos com tecnologia IoT foram projetados para crescer 13% ao ano até 2023, de acordo com a International Data Corporation (IDC).
FONTE: InovaBra