Dispositivo usado para o pagamento com o rosto na drogaria Iguatemi, em São Paulo. Foto: divulgação
A Payface nasceu antes da pandemia do novo coronavírus, ainda em 2018, mas o pagamento por meio de reconhecimento facial – o core da empresa – nunca esteve tão em alta. E se, no início da crise, a empresa, assim como todas as outras, teve uma forte retração, hoje acelerou a ponto de já ter dois parceiros com a solução implementada, a Cielo e o Banco Senff, e outros 10 varejistas de grande porte em fase de integração e com a possibilidade de iniciar as operações em dois ou três meses.
De acordo com o CEO da Payface, Eládio Isoppo, 97% das transações são realizadas sem pedir um fator secundário de autenticação. Mas, por conta do uso de máscaras, o segundo fator está sendo mais pedido. “40% das pessoas podem precisar digitar segundo fator de proteção, como, por exemplo, o número do CPF”, explica.
De acordo com Isoppo, o pagamento com o rosto leva 15 segundos, enquanto aquele feito em máquina de POS pode levar até 70 segundos. “E para o consumidor é uma forma de entrar num mercado depois de uma corrida ou ter ido à academia sem precisar carregar nada e ter uma experiência prazeirosa no pagamento”, exemplifica.
Para realizar o pagamento por reconhecimento facial, o usuário deve baixar o app da Payface e se cadastrar. O onboarding demanda nome completo e CPF, além de uma selfie. Caso a pessoa use óculos, são tiradas duas fotos: uma com e outra sem o acessório. Em seguida, é preciso cadastrar um cartão.
Em breve, a solução poderá ser acessada pelo app do parceiro. É o que acontecerá, ao menos, com o Banco Senff. Segundo Daisy Moroz, gerente de inovação e de projetos estratégicos da empresa, os planos são para que o usuário faça tudo dentro do aplicativo da instituição financeira. “Estamos já numa segunda etapa, de implementação”, diz. O banco testou a solução em dois comércios de Curitiba e aprovou seu uso. “Agora começamos a conversar com outros players para escalar. Há empresas de São Paulo interessadas na tecnologia”, conta.
Versão da solução de pagamento com o rosto oferecida pelo Banco Senff. Foto: divulgação
Mercado e dispositivos
O CEO da Payface explica que sua solução agrega mais valor ao médio e ao grande varejista. “Os comerciantes (durante a pandemia) passaram a nos procurar para terem uma solução de pagamento para que o cliente não precise tocar em nada. É uma contribuição, mesmo que pequena, para todo esse caos”, explica.
Vale dizer que, para permitir o pagamento com biometria facial, o varejista precisa ter um smartphone específico e que sirva somente para esta finalidade. E precisa ser homologado pela Payface. O varejista tem a opção de comprar os dispositivos, já prontos para uso, com a empresa do meio de pagamento, ou comprá-los e depois enviar para homologação. Em seguida, os handsets são integrados ao sistema de frente de caixa do ponto de venda. Varejistas de menor porte, que não tenham esse sistema, precisam de um segundo smartphone para validar o pagamento, inserir o valor e fazer a gestão. Neste caso, a Payface fornece, mas explica que, para esses casos, o indicado é que o pequeno seja inserido ao meio de pagamento por rosto a partir de uma parceria, como foi o caso com o Banco Senff.
A história
Na época do lançamento da Payface, o QR Code começava a despontar novamente no varejo, mas Isoppo queria fazer algo diferente, que tivesse o mínimo de fricção. “Quando desenhamos a Payface, pensamos em promover uma experiência para o usuário sem fricção. A ideia inicial era fazer uma câmera para o reconhecimento facial na balança de restaurantes a quilo, mas percebemos que seria um mercado muito restrito. E a nossa ideia era que todos os lugares pudessem ter esse meio de pagamento”, resume Isoppo. Depois, ampliaram e chegaram ao pagamento com rosto para todos os tipos de comércio.
O CEO e o sócio, então, investiram R$ 350 mil para desenhar o MVP. Em seguida, validaram a opção de pagamento em alguns estabelecimentos. “Desenhamos a infraestrutura para conectar com parceiros, caixas e construímos tudo”, explica Isoppo.
Depois da validação, a empresa recebeu um outro investimento, totalizando 3 milhões.
Atualmente, a empresa conta com mais de 20 colaboradores. Segundo Isoppo, até o final de abril deverão chegar a 28. “Devemos terminar o semestre com 35 ou 40 colaboradores”, completa.
Conformidade
Sobre a proteção dos dados e se a solução está em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados, Isoppo explica que a Payface nasceu junto com a LGPD e, por isso, é LGPD ‘by design’. “Montamos um arcabouço de privacidade e nos inspiramos na GDPR (lei de proteção de dados da União Europeia) para eventuais movimentos internacionais. Já nascemos olhando para a privacidade. E um escritório de advocacia faz a avaliação constantemente e com os parceiros para que todos estejam adequados”, justifica.
FONTE: Mobile Time