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Bancos e fintechs miram desbancarizados com novos negócios

Movimentação acirra competição entre instituições financeiras e amplia serviços para consumidor, que quer muito mais que custo baixo

Pessoas físicas, autônomos e pequenos empreendedores desbancarizados, sem acesso a serviços financeiros, estão no foco das instituições.

Bancos e fintechs intensificaram a busca por consumidores desbancarizados, ampliaram a oferta de serviços com a entrada em novos segmentos e criaram novas plataformas e braços digitais em seus negócios.

Somente entre os dias 11 e 14 de setembro, três iniciativas agitaram o setor: a fintech Nubank comprou a corretora digital Easynvest; o Bradesco lançou a carteira digital Bitz, com aplicativo que permite fazer pagamentos de contas diretamente do celular, e o BTG anunciou a entrada no segmento de varejo.

Se por um lado, a movimentação acirra ainda mais a competição no setor; por outro, aumenta a oferta de serviços para o consumidor, com custos menores.

“Nada menos que o ótimo é aceito nos dias de hoje. E, em um mundo de open banking, a facilidade para se trocar de provedor de serviços financeiros será ainda maior”, avalia o consultor Bruno Diniz, professor da FGV e USP e especialista da noomis.

Toda essa movimentação, em sua análise, também acontece na direção de os bancos manterem suas bases de clientes, que há algum tempo têm descoberto provedores alternativos de serviços.

“Prover a melhor experiência possível com custos baixos será imperativo para qualquer banco tradicional, até porque os clientes já sabem que é possível ter acesso a serviços de excelência no mercado”, diz o especialista.

NO FOCO

Pessoas físicas, autônomos e pequenos empreendedores desbancarizados, sem acesso a serviços financeiros, estão no foco das instituições. Não à toa. 

Esse grupo é responsável por movimentar R$ 817 bilhões na economia anualmente, de acordo com pesquisa do Instituto Locomotiva.

No Brasil, cerca de 45 milhões de pessoas ainda não têm conta bancária, de acordo com o levantamento realizado em 2019. Ou seja, uma em cada três pessoas acima dos 16 anos é desbancarizada. 

A maior parte dos desbancarizados é formada por mulheres (59%), negros (69%), pessoas que pertencem às classes C, D e E (86%) e que vivem no Nordeste do país (39%). 

MOVIMENTAÇÃO DEVE CONTINUAR

Com a compra da Easynvest, a fintech Nubank quer simplificar o acesso ao mercado de investimentos e ao planejamento financeiro das pessoas, diz em seu site. A corretora tem 1,5 milhão de clientes e é considerada a maior do setor no conceito self-direct, ou seja, a dar autonomia para as pessoas fazerem seus investimentos.

“Ainda existe a percepção de que investimento é algo para poucos, quando, na verdade, aprender a investir dentro de suas condições pode ajudar milhões de pessoas a atingirem um futuro financeiro melhor”, informa a fintech.

Com a Bitz, o Bradesco vai atuar no mercado brasileiro de carteiras digitais e contas de pagamento, com o aplicativo de mesmo nome (Bitz) e parceria com a a Cielo. A meta é chegar entre 20% e 25% desse mercado em três anos. Nesse segmento, já atuam Banco do Brasil, Itaú Unibanco (iti), Santander, Caixa, além de fintechs como PicPay, do Banco Original.

“O Bradesco reafirma seu compromisso de presença digital e passa a oferecer um portfólio ainda mais completo ao mercado, contribuindo para a inclusão financeira de uma parcela relevante da população”, disse Curt Cortese Zimmermann, CEO do Bitz, no comunicado de lançamento da empresa.

Ao anunciar a entrada no varejo, com o banco digital BTG+ (para pessoas físicas) e a plataforma financeira BTG+Business (para micro, pequenas e médias empresas), Roberto Sallouti, presidente da instituição, disse que, em  cinco anos, metade da receita do BTG Pactual pode vir do varejo digital. 

E O QUE VEM POR AÍ?

Um mercado ainda mais plural, com alternativas para os clientes, avalia Diniz. 

“O Pix (sistema de pagamento instantâneo) irá trazer novos players para a arena das wallets e carteiras digitais, acomodando fintechs e outras empresas, como varejistas, empresas de telefonia etc., que atuam com diferentes públicos, incluindo os desbancarizados”, diz o consultor.

“Passaremos a ver a combinação de ofertas financeiras básicas (que se tornarão comoditizadas em breve) com propostas de valor adicionais e ofertas não financeiras”, completa Diniz, ao explicar que empresas de telefonia e varejistas podem, por exemplo, dar benefícios em pacotes de dados e produtos que fazem sentido para parte dos clientes, o que aumenta a fidelização e a utilização dessas soluções.

“Não será apenas sobre bancos e fintechs, mas sobre múltiplos provedores de serviços financeiros que podem surgir dos mais diferentes nichos.”

FONTE: Febraban

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