De acordo com Pedro Coutinho, diretor presidente da Abecs, há emissoras de cartões com 100% de sua base já com cartões com NFC e outras com 70%. A tendência é aumentar ainda mais os números em 2021, mas a mudança de tarjeta é cara. “Acreditamos que o número de transações de pagamentos sem contato deva crescer exponencialmente em 2021. Quiçá será cinco vezes maior do que estamos vendo hoje”, estimou.
A Abecs também registrou aumento de 32% ano a ano nas compras não presenciais na comparação com 2019, o equivalente a R$ 435,6 bilhões, o que impulsionou o varejo.
Vale dizer também que no quarto trimestre de 2020, a cada três transações com cartão de crédito, uma foi não presencial.
Auxílio Emergencial
Um dos recortes da apresentação da Abecs apontou que o auxílio emergencial movimentou, em 2020, R$ 52,6 bilhões em meios de pagamentos digitais. Coutinho acredita que o setor de cartões teve papel fundamental na distribuição do auxílio.
O segmento como um todo
Segundo dados da Abecs, a participação dos cartões na economia nacional representa 46,4% e, para 2021, a associação projeta alcançar 50%.
No geral, o segmento de cartões supera a expectativa e encerra 2020 com crescimento de 8,2%. O valor transacionado foi de R$ 2 trilhões. Se considerar o auxílio emergencial, o aumento foi de 11%. Ao dividir por tipo de cartão, o de crédito registrou incremento de 2,6%, com valor transacionado de 1,18 trilhão. O cartão de débito é responsável por aumento de 14,8% (ou 22,7% se levar em conta o auxílio emergencial). O cartão pré-pago é a tarjeta que mais cresce. O ano passado registrou aumento de 107,4% na comparação com 2019, ou R$ 45,3 bilhões em valor transacionado, atingindo níveis históricos em dezembro e crescendo quase que o dobro das performances pré-crise. Segundo a Abecs, o avanço das compras não presenciais ajudou nesse desempenho.
A pandemia fez os gráficos de valores transacionados em cartões terem um desenho em V. Em março/abril, foram os meses de desempenho negativos (-15,1%), por exemplo, mas com uma recuperação consistente ao longo do ano, mesmo com a redução do auxílio emergencial no último trimestre. Segundo Coutinho, em dezembro houve uma perda de fôlego, atribuída à piora da pandemia e ao aumento das restrições de circulação de pessoas – como em São Paulo, durante as festas de fim de ano.
Pedro Coutinho, diretor presidente da Abecs durante a apresentação dos números de 2020. Abaixo, o gráfico da variação anual (ano a ano) dos valores transacionados
Com relação à quantidade de transações, no cartão de crédito foram 10,9 bilhões, um recuo de 3%. Os cartões de débito tiveram aumento de 6,1% na relação com 2019 e registraram 11,5 bilhões de transações. O cartão pré-pago teve crescimento de três dígitos (111,4%), com 917 milhões de transações. Para Coutinho, o aumento exponencial do pré-pago é um claro sinal de digitalização e bancarização da população brasileira.
Máquinas de POS
Uma dos motivos do incremento significativo do aumento do uso de cartões com tecnologia sem contato está também no aumento de R$ 100 para R$ 200 do limite de pagamentos por NFC sem o uso de senha que a Abecs anunciou no fim do ano passado. De acordo com o diretor presidente da associação, o novo valor representa 80% das transações feitas com cartões. E, “sem medo de errar”, o executivo estima que, atualmente, o País conta com 10 milhões de terminais (máquinas) com NFC.
Sobre os números de máquinas POS, a Abecs não tinha os dados atualizados, apenas os de 2019, ou seja, 11,2 milhões. Porém, Coutinho estima que hoje sejam mais 13 milhões de POS pelo Brasil.
Pix
Com relação ao fato de o varejo ainda não ter aderido de forma consistente aos pagamentos instantâneos do Banco Central, Coutinho explica que as adquirentes entraram com um certo atraso na implementação da solução. Segundo o executivo, no início do processo, o BC não teria dado muita importância para as máquinas de POS e só depois teria reconhecido que “seria importante colocar essa infraestrutura (Pix) nas 12 milhões de maquininhas espalhadas pelo País”, disse o diretor presidente da Abecs. O início da efetivação dos pagamentos instantâneos nos terminais aconteceu a partir de setembro.
Coutinho fez uma avaliação sobre os pagamentos instantâneos. Para ele, no P2P, houve um grande número de transações, tirando de TED e DOC. “Nesse segmento, o Pix ficou muito acima das expectativas. São números importantíssimos e que ‘atacaram’ as transferências de pessoa para pessoa. Mas no pagamento P2M, ou seja, dentro dos estabelecimentos, claramente o Pix não teve impacto ainda. Há um processo de amadurecimento e de implementação”. E acrescentou: “O Pix no estabelecimento tem um custo de transação. E isso é algo que a indústria está regulando. Cada empresa define seu preço e isso deverá ser ajustado nesse período. Mas é preciso entender que temos pouco mais de dois meses e são mais de 20 adquirentes. Não é simples”, explicou o diretor presidente da Abecs.
FONTE: Mobile Time